O que mais impressiona é a habilidade com que de Hosseini (autor), vê e manuseia os atos de perversidade, originários de uma guerra que, principalmente se utiliza da religiosidade para justificar a incessante e injustificada prática da crueldade - em todas as direções.
Fica claro nessa guerra (Afeganistão) tudo o que o ser humano é capaz,na defesa de sua própria sobrevivência, e os que são perpetrados por governos e instituições na tentativa de eliminar os vestígios de seus atos criminosos. Essa transparência reflete-se, sobretudo, na relação entre o protagonista, Amir e seu melhor (?) amigo Hassan: Amir testemunha as violências sofridas por Hassan (inclusive sexual), mas prefere esconder-se à ir em sua defesa. Para aplacar a culpa de sua covardia, arma, ele mesmo, uma cilada capaz de distanciar o companheiro de suas vistas, crendo que com ela apaziguaria sua consciência. Puro engano. Viveu o inferno e os pesadelos da culpa.
É uma história que, de alguma maneira, desperta e conturba nossa compreensão.Quem, nesse mundo insano, carente de diretrizes morais, ja não cometeu os escorregões da injustiça, ciente ou involuntariamente; numa tentativa equivocada de defender a "própria pele" ou, apenas por capricho e teimosia? Ao contar sua história, pobre Amir, mais que ensinamentos morais, intentou um lenitivo para sua consciência atormentada. Será que conseguiu?

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